"Estrangeirismos na Língua Portuguesa"

quinta-feira, 24 de março de 2011

Se é verdade que os graffiti incomodam muita gente, não se pode propriamente dizer que os "graffitis" incomodam muito mais. No entanto, há pessoas que se enervam quando ouvem alguém falar de "graffitis" e têm uma certa razão: é que a palavra italiana graffiti já está no plural, sendo o substantivo singular graffito. Portanto, explicam esses ilustres defensores da nossa língua e da coerência gramatical, não faz qualquer sentido flexionar duplamente uma palavra no plural. É tão absurdo como dizer "verõesãos"...
Mas como fazer ver aos portugueses que a palavra que importaram já está no plural e, portanto, devem referir-se a um graffito ou a vários graffiti? Decerto não será fácil, dado que para nós o plural dos nomes leva, por defeito (e salvo raras excepções), um -s no fim...
Afinal, se quisermos ser puristas, também devemos dizer pizze no plural, dado que a forma pizza também não se flexiona em número, em italiano, por meio da junção do -s ao nome singular...
Podemos sentir-nos um pouco envergonhados por causa da "ignorância geral" e insistirmos em usar graffiti quando nos referimos a muitos desenhos feitos nas paredes e muros. Mas também podemos tolerar esse plural mal formado como um sinal da inevitabilidade das mudanças menos informadas que sempre ocorreram nas línguas. Afinal, não se pode esperar que os falantes saibam todos de onde vieram e como foram formadas as palavras que usam! E em todos ou quase todos os idiomas deve haver casos assim, de formas equivocadas que acabaram por vingar. Pensemos por exemplo em chicken (frango), que era o plural de chick, em inglês (como child/children), e passou a designar o singular, sendo hoje normal usar-se o duplo plural (ainda que um deles agora passe despercebido) chickens.

Por hoje é só pessoal um grande abraço...



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